quarta-feira, 28 de junho de 2017

A bailarina apaixonada

Por Suely Melo

Conheceram-se. Ele, bonito, inteligente, educado. Ela, amável, intensa, misteriosa. No início havia sentimento, paixão. Mais forte de um lado, o dele. Ele cantava seu amor aos quatro cantos do mundo. Ela mantinha-se quieta, não tinha certeza de nada. Aos ouvidos dela, ele falava de amor. Falava-lhe de eternidade. Ela seguia confusa, dizia o que ele queria ouvir. Chorava, porque não sabia dizer não.


Com o tempo que a tudo devora, ela percebeu que talvez aquele amor, já não fosse real. Ele a protegia demais. Dava-lhe tudo o que ela queria. Cobria-lhe de luxo, de presentes. Mas ela sentia que aquilo não lhe preenchia a alma como sonhara, embora, a seu modo, o tenha amado um dia. Tinha-lhe respeito, admiração, carinho e gratidão. Ela sabia também que isso não era o bastante para ser feliz. A vida devia ter muito mais a lhe oferecer. Ela sonhava. Além disso, não era o que ele queria. Ele a desejava só para si. O sentimento de posse e o ciúme o consumiam.


Ela se sentia uma bailarina na caixinha de música, condenada a viver ali, girando, girando até a melodia acabar, e ele dar-lhe corda novamente. Ela não queria mais aquela situação, mas não conseguia sair. Parecia presa a correntes invisíveis. Ela sofria. Não queria um amor assim. A chama que lhe queimara o peito outrora, transformara-se em cinza. Não queria magoá-lo. Afinal, ele era parte de sua vida, de sua história. Ela só queria sentir no coração, uma nova chama ardente. Queria voar.


Um dia aconteceu. Seus olhos se acenderam. Encontrou o que procurava. E ela não pensou duas vezes. Saltou do precipício de olhos fechados. Uma queda em câmera lenta. O coração, coitado, em descompasso, batia como um louco desvairado. E ela caindo, caindo, caindo... Já não interessava se morreria, se seria salva por um anjo ou se ganharia asas para voar de volta. O que interessava era que aquele havia sido o salto mais lindo que dera em toda a existência.


Ela não teve medo nem arrependimentos. Não olhou para trás. O inevitável fim era o que menos importava. E ela morreu. Morreu de paixão. Não foi salva na última hora. Não ganhou asas. Morreu. Mas morreu feliz. Porque para ela, era mais válido viver um amor em chamas, que durasse pouco, mas que fosse eterno em intensidade, do que uma existência longa e morna.

No último sopro de vida, lançou um sorriso que brilhou mais que o sol. Estava plena. Livre, renasceria outra vez. E não seria a bailarina presa à caixinha de música. Nunca mais na vida.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Olhar pra cima, seguir em frente

Às vezes paro e penso sobre o sentidos das coisas.
E chego a conclusões incríveis.
Por exemplo: é tão mais fácil levantar a cabeça e olhar pra cima, pro céu, pras estrelas.
É tão mais simples seguir, contemplar o horizonte à nossa frente.
Visualize. Imagine-se olhando para as alturas e o contrário também - olhando para baixo.
Perceba a diferença, a leveza do primeiro gesto e o peso do segundo.
Agora experimente andar para traz, olhar para o que passou, veja como é sofrido.
Viver é isso. Perceber e aceitar que o que passou não pode voltar -.
Entender que tem fardos que carregamos pela vida que não são nossos...
Despir de culpas e mágoas que só nos pesam a alma.
Ainda que haja outras vidas pelas eternidades deste universo,
as experiências, os aprendizados, os amores são únicos em cada momento vivido.
Cada existência é única.

s. melo

terça-feira, 13 de junho de 2017

Sorria, meu bem

Complexos, contraditórios, errantes. Difícil chegarmos a um entendimento real sobre o que somos de verdade. O segredo da vida? Talvez nem exista. Se existe, talvez nunca desvendaremos. Não sabemos ao certo o que há nos bastidores de nossa existência. Isto é certo. Por isso, temos que tentar fazer da vida uma inesquecível viagem em busca de tudo que nos alegra a alma.

Então, quando o mundo lhe parecer cruel, sorria. Sorrir é o melhor remédio para curar nossas mazelas. Sorrir é abrir-se para novas possibilidades. Sorria, não para esconder-se, mas para mostrar-se. Não para fugir da realidade, mas para encará-la de frente. Não para fingir felicidade, mas para atraí-la. Sorrisos encantam. Despertam paixões. Desarmam. Tente sorrir, mesmo quando a vontade de chorar for maior, mesmo quando o coração ficar pequeno e apertado dentro do peito. Saiba que tem sempre alguém precisando de um sorriso seu.

Não seria justo, no entanto, querermos que todos os dias, todas as pessoas se sentissem felizes e sorridentes ou tristes e desesperançadas. O contraste também é parte e é necessário à vida. Precisamos conhecer um e outro. A tristeza e a alegria. A derrota e a vitória. O ódio e o amor. As lágrimas e os sorrisos. Isso é o que torna a vida interessante. Afinal, que graça teria a história de cada um se tudo fosse sempre igual? A materialidade não permite satisfação plena de nossos desejos. Mas uma eterna busca desta. É justamente neste caminho que a aventura da vida se dá.

s.melo

terça-feira, 6 de junho de 2017

Olhar pra vida como quem contempla as estrelas

Aprendi a olhar a vida
como quem olha pras estrelas.
Sei que apesar de amá-las
jamais poderei tocá-las.
Mas o simples fato
de poder contemplá-las
é o bastante pra me fazer
entender que o sentido
e a beleza de tudo,
de qualquer coisa
neste mundo,
está muito além daquilo
que as minhas mãos
podem alcançar,
e muito além do que
os meus olhos podem ver.

s. melo


sexta-feira, 2 de junho de 2017

Querer bem

Todo coração é morada..
Há tantos que se vão
e outros tantos que vêm.
A linha é tênue entre
a dor e o amor.
Mas apesar disso tudo -
responda-me, por favor:
tem algo neste mundo
melhor e mais bonito
do que o querer bem?

s.melo

Anseios

Coisas da vida,  coisas do coração... Pior ainda se for sobre paixão: onde houver expectativa, haverá decepção. @liemversos