terça-feira, 22 de outubro de 2019

Despertar das borboletas

Coração te viu há um tempão,
mas a princípio sentiu nada, não.
Um dia, como outro
qualquer no mundo,
mergulhou nos olhos teus...
E naquela cena de segundos,
percebeu que havia algo ali,
até então desconhecido...
E foi assim, com aceleradas
e ruidosas batidas, no cantinho
esquerdo do peito,
pela alegria da descoberta,
que ele despertou aquelas
preguiçosas borboletas,
há muito tempo dentro
de mim adormecidas.

s.melo

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Caos

A tela transparente e vazia
A cabeça cheia.
O coração perdido em reflexões 

Como choque de meteoros
Os olhos fundos, 
O sorriso raso, 
A vida descolorida
Sem primavera interior
O universo em descompasso.

Passou. 

Foi apenas um momento
Que parecia atravessar a eternidade,
Mas passou.

Ao som do teclado, a tela foi preenchida com versos

As explosões inconsequentes, 
Transformaram-se em serenas pulsações,
Carregadas de desejos pelo novo
Os olhos e o sorriso se acenderam.

As borboletas, do estômago, festejaram.
A vida estava outra vez em cores.

Em tons de aurora boreal,
O universo (interior) retomou sua ordem
A alma amanheceu outra vez.

domingo, 13 de outubro de 2019

Página em branco - Suely Melo

A vida é um página em branco.
Tem gente que rabisca,
tem gente que desenha,
tem gente que pinta.
Tem gente que rasga e joga fora,
como forma de tentar estancar a dor.
Tem gente que para no tempo,
numa página de um tempo bom,
como forma de não deixar escapar
algo que o/a encantou.
Tem gente que só escreve, não reflete.
Tem gente que tenta apagar,
esquecer, reescrever.
E tem gente que vira a página
e começa tudo outra vez.

liemversos

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Outros tempos - vida que vai, saudade que fica

Por liemversos

Flores dos mais variados tipos e cores desabrochavam no jardim. Borboletas e beija-flores encantavam com leveza e muita graça em cada bater de asas. E pássaros cantavam alegremente, despretensiosamente, anunciando um novo dia. A primavera chegara.

As crianças brincavam, correndo de um lado para o outro. O vento da liberdade balançava os seus cabelos. Os pequeninos corações batiam acelerado, quase saltando para fora do peito. Tudo era tão bonito, tão perfeito. A alegria de viver e aproveitar cada momento, mesmo sem saber a importância disso, estava presente em cada sorriso, em cada olhar, em cada movimento.

Lá havia gatos, cachorros, galinhas e seus barulhentos cocoricós. E um entardecer que era pura poesia. Um entardecer como nunca mais vi em nenhum outro lugar por onde andei. Um entardecer que caia lento, sem pressa, delicadamente e incrivelmente laranja. Inesquecivelmente poético.

Lá não tinha energia elétrica, mas tinha um céu de lua e estrelas para iluminar as noites. Céu lindo e cintilante como aquele também nunca mais vi por aí. Lá não tinha televisão, nem computador, mas tinha um radio de pilha e um violão para alegrar as tardes tão serenas, tão plenas.

Também não tinha geladeira, nem água encanada, mas tinha verduras, legumes e frutas colhidas no pé e uma fonte de água doce e cristalina.

O tic tac das horas não pára. E a gente, pouco a pouco, vai indo embora. Mas enquanto passamos, sem saber até onde vamos, as lembranças permanecem, e a alma ainda sorri quando recorda uma brincadeira inocente ou uma travessura dos tempos da meninice... Uma manhã colorida de primavera, um cheiro longínquo de terra molhada depois da chuva ou uma brisa suave no fim de uma tarde laranja de outono... Sim. Sorri, se aquece e guarda tudo outra vez na caixinha das memórias eternas, que vez por outra é aberta para nos mostrar que a nossa essência segue intacta, rica. No mais, vida que vai. Saudade que fica.

Anseios

Coisas da vida,  coisas do coração... Pior ainda se for sobre paixão: onde houver expectativa, haverá decepção. @liemversos